Janeiro Branco e a Saúde Mental: você também tem ansiedade? - Blog - Hospital Evangélico

11/01/2024

Janeiro Branco e a Saúde Mental: você também tem ansiedade?

Aproveite o começo do ano para cuidar da saúde mental! O Brasil é um dos líderes globais em ansiedade – descubra os sintomas do transtorno e veja dicas de como evitá-lo.

HES - Blog - Janeiro Branco e Ansiedade

 

Janeiro é o mês ideal para cuidar da saúde mental. O início do ano traz oportunidades de pausa e reflexão, ótimas para criar aquela listinha de resoluções e definir caminhos para uma rotina mais equilibrada. Além disso, é o mês da campanha ‘Janeiro Branco‘, focada justamente no bem-estar e na saúde mental.

A campanha celebra diversos marcos importantes em 2024: uma década de existência e a aprovação da Lei federal que instituiu oficialmente a data no calendário nacional.

A promoção da saúde mental chega em momento mais que oportuno: atualmente, quase 1 bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com algum transtorno mental, e o Brasil é um dos líderes globais nesse ranking. Em especial, a ansiedade está afetando cada vez mais a nossa população.

Quais as razões para isso? O que fazer para evitar o impacto do estresse e da ansiedade? Vamos aproveitar esse Janeiro Branco para discutir estes temas!

Estima-se que, no Brasil, quase 20 milhões de pessoas sofram com a ansiedade

O Brasil lidera rankings globais da ansiedade

No último mês de dezembro, o Google divulgou os dados compilados de buscas realizadas em 2023 na plataforma. Quando o assunto é ‘ansiedade’, o Brasil ocupa o 2º lugar na lista global de países que mais pesquisam sobre o tema – fica atrás, apenas, da Ucrânia, um país em guerra já há um ano e que sofre com gravíssimas incertezas sobre seu destino no futuro próximo.

De acordo com o Google, quem pesquisa por ansiedade no Brasil costuma querer saber quais são os sintomas, sua relação com a depressão e o ataque de pânico, assim como características gerais do transtorno. Em um ano, mais que dobrou o volume de pesquisas sobre os sintomas. É interessante notar que estados do Nordeste são os que mais buscam sobre ansiedade, com Paraíba, Maranhão e Ceará no topo do ranking nacional.

ANSIEDADE E PANDEMIA: UMA ÍNTIMA RELAÇÃO

Para muitas pessoas (e talvez você seja uma delas), a primeira vez que se sentiram ansiosas de forma intensa foi bem recentemente, durante os anos da pandemia da COVID-19.

Os números da ansiedade explodiram no Brasil e em todo o mundo a partir de 2020. Foi uma época para a qual pouquíssimas pessoas estavam preparadas. Houve um ‘choque psicológico’ enorme decorrente de eventos verdadeiramente catastróficos ocorrendo de forma rápida e sucessiva todos os dias: a constante presença de doença e mortes na mídia, o medo de se infectar e de ter parentes/amigos doentes, a preocupação com questões de trabalho, estudos e família, o isolamento social afastando entes queridos do convívio diário…de fato, não foi um momento nada fácil na história de vida de bilhões de pessoas em todo o mundo.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no primeiro ano da pandemia, houve um aumento de 25% na prevalência global de ansiedade e de depressão. Pesquisa da UERJ em 2020 apontou um aumento de 80% nos casos de ansiedade e estresse aqui no país. Em 2021, a mesma tendência se confirmou. E, aparentemente, ainda estamos vivendo os reflexos deste período até hoje…

O que torna o brasileiro tão ansioso?

Não é a primeira vez que os brasileiros são “destaque” em pesquisas sobre ansiedade. No começo de 2023, a OMS divulgou os resultados de um levantamento global sobre transtornos mentais, que mostraram o Brasil em primeiro lugar no ranking dos países mais ansiosos do mundo. A entidade estima que 9.3% da população sofra de ansiedade patológica.

Segundo a OMS, pessoas com problemas severos de saúde mental têm uma expectativa de vida reduzida, que pode chegar a 20 anos a menos do que a média da população em geral (principalmente por causa de doenças físicas evitáveis)

O que explica esses números? Não existe uma resposta fácil, mas especialistas apontam que a inquietação constante com questões de emprego, de segurança pública e de economia lideram a lista dos elementos que tiram o sono dos brasileiros. Ao longo do tempo, tamanho estresse psicológico pode acabar afetando seriamente a saúde de todo o corpo. O importante é saber reconhecer quando as preocupações estão tomando o controle da saúde mental, e procurar ajuda para resolver o problema.

JANEIRO BRANCO AGORA É LEI!

A saúde mental é um tema tão importante no Brasil que se transformou em Lei nacional.

Em abril de 2023, o governo federal sancionou a Lei nº 14.556, que instituiu oficialmente a campanha Janeiro Branco. Com isso, o primeiro mês do ano fica marcado por campanhas públicas de conscientização sobre saúde mental e promoção de bons hábitos de vida, assim como a construção de ambientes psicologicamente saudáveis e a prevenção de doenças psiquiátricas.

A nova Lei recebeu suporte de relatório do Senado federal que aponta a alta incidência de ansiedade na população brasileira, assim como o fato de que mais de 1/3 do número total de incapacidades nas Américas é decorrente desse transtorno.

Sinais e sintomas da ansiedade

Transtornos mentais são muito pessoais, exibindo sintomas que variam bastante de pessoa a pessoa, de situação a situação. Todavia, alguns deles são comuns em quem passa por uma fase de intensa ansiedade. Dentre estes, destacam-se:

 

  • Sensação de ‘palpitações’ no peito (taquicardia)
  • Problemas para dormir
  • Alterações gástricas e intestinais
  • Sudorese excessiva
  • Ter a sensação de perigo iminente

 

Tais sintomas costumam ocorrer relacionados a situações específicas (por exemplo, toda vez que se vai ao trabalho ou à escola), como também de forma mais generalizada ao longo dos dias.

Além destes, existem alguns sintomas mais ‘psicológicos’ bastante comuns e que também caracterizam a pessoa com ansiedade:

 

  • Em eventos importantes, como reuniões de trabalho ou durante provas na escola, sentir-se mal, como ter falta de ar ou tonturas
  • Sentir medo constantemente
  • Dificuldade de concentração
  • Fixação em pensamentos negativos
  • Sentir-se desestimulado
  • Mudanças drásticas de humor
  • Falta de vontade de interagir com outras pessoas
  • Vontade de chorar

 

Como tratar a ansiedade?

O acompanhamento psicológico é a primeira etapa para cuidar da ansiedade, da depressão e de outras transtornos da saúde mental. Não há nada como uma conversa franca e aberta com um profissional, a fim de compreender melhor o que estamos sentindo, abrir novos caminhos e possibilidades para lidar com problemas, assim como receber sugestões de hábitos que podem ajudar a reduzir o estresse psicológico.

Em casos mais leves ou iniciais de ansiedade, a “autopercepção e tomada de algumas decisões” pode ser uma boa indicação. É fácil encontrar materiais, livros, apostilas e práticas que ajudam a manter a mente calma e relaxada, a compreender como nos sentimos, e que sugerem formas de lidar com os problemas do dia a dia de maneira consciente, criativa e positiva.

Em crianças e adolescentes com ansiedade, a primeira linha de tratamento é a terapia cognitiva comportamental (TCC). Caso não funcione adequadamente, o profissional poderá encaminhar para algum médico especialista que fará avaliação e, se necessário, dará início a  tratamentos farmacológicos, que também são muito utilizados em adultos. Atualmente, as medicações são mais seguras e têm menos efeitos colaterais que as empregadas décadas atrás. Se utilizadas da maneira correta, poderão ajudar a pessoa a recuperar o equilíbrio mental com rapidez e segurança.

 

Uma boa maneira de evitar a ansiedade? Detox digital!

Nos últimos anos, houve um aumento muito grande nas taxas de problemas mentais na população, em especial entre os jovens. Diversos estudos mostram que, por trás destes números, quase sempre estão as telinhas.

Quanto mais tempo uma pessoa passa colada ao telefone e às redes sociais, maiores as chances de surgirem transtornos como ansiedade e depressão. Isso porque a própria estrutura das redes sociais, hiper personalizada, cria um ambiente em que o usuário se compara o tempo todo com o que vê – e o que vê é um “mundo ideal”, de pessoas belíssimas, saudáveis, com o corpo perfeito, bastante dinheiro no bolso e muito tempo livre para gastar em viagens pelo mundo. Isso está longe de ser saudável, especialmente entre crianças e adolescentes, uma faixa etária mais propensa a sentir os efeitos negativos de comparações e da pressão social.

Os brasileiros passam, em média, mais de 05 horas todos os dias no celular. Trata-se de um dos maiores níveis do mundo. Talvez não seja coincidência que o país seja, também, um dos líderes em transtornos mentais como a ansiedade.

Portanto, uma dica valiosíssima para manter a saúde mental em dia é aproveitar o início do ano para um verdadeiro ‘detox digital’.

 

Como fazer o detox?

O método está se tornando cada vez mais popular, já que os resultados são rapidamente perceptíveis. Para segui-lo, é muito fácil: determine um período em que telas serão ‘proibidas’. Simples assim! Se você utiliza de forma compulsiva o celular, defina com você mesmo(a) que “esta noite não entro no Instagram e no WhatsApp“, por exemplo. Siga à risca a regra e amplie o período sempre que possível. É comum as pessoas passarem um final de semana inteiro, por exemplo, livres do celular, utilizando-o apenas para fazer ligações importantes.

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Lembre-se que redes sociais são criadas para tornar o usuário um ‘compulsivo’, acessando-a várias vezes por dia, criando uma sensação de que ‘se não acessar a plataforma, estarei “por fora”. Existe muita “engenharia psicológica” por trás dos algoritmos que determinam esse ritmo de acessos. Todavia, ficar longe das telas de forma consciente traz alívio psicológico quase imediato.

Quanto mais tempo ficar longe das telas, de forma consciente, menos vontade você terá de retornar compulsivamente às redes – você aprenderá a aproveitar seu tempo de outras maneiras, em outras atividades, quase todas mais úteis e proveitosas do que consumir o conteúdo ‘ideal’ e de puro escapismo que as mídias sociais costumam oferecer.

Uma das dicas mais importantes para pessoas que estão passando por momentos de intenso estresse psicológico é praticar exercícios que ajudem a mente a focar em algo construtivo, como meditação, leituras, exercícios de respiração, exercícios físicos e hobbies manuais. É o contrário do consumo passivo de conteúdo que as telinhas impõem. Assim, o detox digital se alinha muito bem às melhores práticas para uma mente mais calma e saudável, e pode ser uma excelente estratégia para começar bem 2024!

O MÊS DE JANEIRO, A COR BRANCA E A SAÚDE MENTAL: QUAL A RELAÇÃO?

Segundo os idealizadores da campanha Janeiro Branco, esses elementos se combinam e têm tudo a ver com a maneira como encaramos o mundo.

Afinal, o primeiro mês do ano simboliza um ‘ponto de virada’, um momento de pausa, reflexão e definição de rumos. Já a cor branca possui significado similar de renovação – é a ‘tela em branco’ sobre a qual podemos projetar nossos sonhos e expectativas. Por fim, ter uma boa saúde mental nada mais é que manter a mente focada em coisas boas, com perspectivas positivas para o futuro e criando uma análise generosa do que ocorreu no passado.

Aproveite 2024 para cuidar de você!

Que tal aproveitar o início do ano para uma ‘renovação mental’ positiva? Janeiro é, goste-se ou não, um ponto de virada, um momento em que é possível parar por um tempinho, refletir sobre a vida e traçar rumos para um futuro melhor. Infelizmente, não é possível ter controle sobre tudo o que acontece ou que irá acontecer. Felizmente, porém, é possível encarar a vida com uma atitude que resulte em ações mais equilibradas e que evite o sofrimento ao máximo.

Seja por conta própria, seja com a ajuda de família, amigos ou de profissionais de saúde, iniciemos 2024 cuidando melhor da saúde mental. Os reflexos serão sentidos imediatamente na maneira como conduzimos a vida, assim como a médio e longo prazo na saúde de todo o corpo.

 

Para saber mais:

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